quarta-feira, 6 de julho de 2011

O perdão de Deus

Ele era um homem terno, com profundo respeito por todas as formas de vida.

Tinha a capacidade de recolher aranhas e besouros e soltá-los do lado de fora da casa.
Como profissionalmente viajava muito, se tornara um motorista extremamente cauteloso.
Mesmo nas férias da família, dirigia abaixo do limite de velocidade permitido.
Um dia, um garoto de bicicleta entrou de repente na frente do carro dele. Num segundo, a vida do jovem chegou ao fim.
Consciente de que não fora o causador do acidente, passou a ser atormentado por olhares acusadores. O rapaz era filho único e os seus pais não escondiam o pesar e a dor pela perda.
O homem alto, moreno, de dentes perfeitos, se tornou retraído. Luto e dor se misturavam em seus gestos.
Ele não tivera culpa, mas não conseguia se perdoar. E Deus, o perdoaria?
Ele tirara a vida do único filho do casal. Ele mesmo tinha duas filhas. Será que Deus não reclamaria a vida de uma delas como compensação?
Ele sempre acreditara num Deus amoroso e paternal, mas agora verdadeiro pavor o dominava.
Redobrou cuidados com as meninas e vivia em sobressaltos.
Em um certo final de semana, ele viu uma das filhas vir correndo em direção à casa. Ela gritava. A voz era de pânico.
Pela mente do pai, como um raio, veio a ideia. Sua filha menor havia se afogado no rio próximo, onde as duas pescavam. Ele tinha certeza que ela se afogara.
Abriu a porta e saiu a correr em direção à água.
A pequena não estava dentro d’água, mas chorava. O anzol tinha penetrado de leve na pele abaixo da sobrancelha direita.
Com as mãos trêmulas, a voz quase soluçante, ele tranquilizou a filha. Com cuidado, tirou o anzol do pequeno ferimento. O olho não fora atingido.
Com o anzol na mão ele riu. Riu alto. De alívio. A máscara da dor que carregava há meses rompeu-se, afinal.
Tomou as duas filhas pela mão e voltou para casa.
Nesse dia começou a recuperação daquele homem. Ele, literalmente, recebera o recado de Deus.
Deus jamais lhe exigiria o sacrifício de um dos seus afetos pelo acidente que provocara de forma involuntária.
Conseguiu perdoar a si mesmo. Voltou aos caminhos da oração e da tranquilidade.
Alguns meses depois, em pleno coração da natureza, sua voz poderosa cantava uma canção de puro amor a Deus.

* * *

Deus é amor, ensinou o Evangelista João.
Deus é Pai, ensinou Jesus, o Mestre.
DEle não podemos esperar nada além do que signifique bondade e justiça.
Por conhecer a nossa intimidade espiritual, Ele perdoa sempre e nos renova as oportunidades de refazer o caminho.
E a maior expressão do perdão de Deus se chama reencarnação.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Além do nosso controle, da revista Seleções Reader’s Digest, de novembro de 1999.

 

sábado, 2 de julho de 2011

A imensa alegria de servir

Toda natureza é um desejo de serviço.
Serve a nuvem, serve o vento, serve o sulco.
Onde houver uma árvore para plantar,planta-a tu.
Onde houver um erro para corrigir,corrige-o tu.
Onde houver uma tarefa que todos recusem,aceita-a tu.

Sê quem tira:
a pedra do caminho,
o ódio dos corações
e as dificuldades dos problemas.

Há a alegria de ser sincero e de ser justo.
Há, porém, mais do que isso,
a imensa alegria de servir.

Como seria triste o mundo
se tudo já estivesse feito,
se não houvesse uma roseira para plantar,
uma iniciativa para lutar!

Não te seduzam as obras fáceis.
É belo fazer tudo que os outros se recusam a executar.
Não cometas, porém, o erro
de pensar que só tem merecimento executar as grandes obras.

Há pequenos préstimos que são bons serviços:
enfeitar uma mesa.
Arrumar uns livros.
Pentear uma criança.

Aquele é quem critica,
este é quem destrói;
sê tu quem serve.

Servir não é próprio dos seres inferiores:
Deus, que nos dá fruto e luz,serve.
Poderia chamar-se: O Servidor.
E tem os Seus olhos fixos nas nossas mãos
e pergunta-nos todos os dias:
Serviste hoje?
 
Gabriela Mistral, poetisa chilena, em seu belíssimo poema nos emociona com uma proposta de vida maravilhosa.
O Poeta dos poetas, certa vez também afirmou que quem desejasse ser o primeiro, fosse o servo de todos.
Servir é a receita infalível da felicidade presente e futura.
Presente, pois quem serve, quem se doa, quem ajuda, já recebe no coração a paz que tal ato propicia. Uma paz sem igual: a paz da consciência tranquila.
Futura, pois quem serve semeia concórdia, fraternidade – merecendo colher o mesmo nos passos seguintes da existência imortal do Espírito.
Todo dia nos apresenta diversas oportunidades de servir. Que possamos estar atentos a elas, e não desperdiçar nenhuma chance, nenhuma dessas experiências enriquecedoras.
Parafraseando a poetisa, perguntamos: Você já serviu hoje?

Jesus e os dias de hoje

Aqueles dias, nos quais esteve Jesus cantando as glórias de Deus, pelas terras da Palestina, eram dias de grandes dificuldades morais.

As aflições, dramas pessoais, dificuldades de relacionamento, de entendimento entre povos e culturas faziam-se constantes.

A incompreensão, o preconceito, a preocupação com a aparência externa e com o aspecto social era a tônica, nos relacionamentos, principalmente nas classes mais abastadas.

Não muito diferente dos dias de hoje. Em termos morais e valores íntimos, ainda somos muito parecidos com aqueles que encontraram Jesus, durante Seu périplo de amor.

Os dramas vivenciados há mais de dois mil anos, na intimidade daquele povo, se assemelham muito aos desafios emocionais que hoje enfrentamos.

Por isso, os conselhos de Jesus são ainda tão atuais.

Ele falava para um povo que vivia em um mundo sem recursos tecnológicos, utilizava de analogias e comparações que pudessem ser compreendidas, pelas gentes simples.

Não obstante, Seus conceitos e orientações são ainda atuais.

Jesus não Se preocupava com as coisas do mundo. Ensinava as coisas da alma.

Sem preocupar-Se com os valores temporais, era, por excelência, o Sábio dos valores da alma, que os conhecia em profundidade.

Assim, Seus conceitos atravessaram os séculos chegando até nós com atualidade arrebatadora.

Nestes dias onde o estresse emocional e a ansiedade são doenças crônicas, Jesus nos aconselha a deixar a cada dia suas próprias preocupações e necessidades, sem nos afligirmos com o futuro desconhecido.

Ensina-nos a ter confiança e fé em Deus. Serve-Se do exemplo das aves dos céus, que não semeiam, nem ceifam e dos lírios do campo, que não tecem, nem fiam, mas têm uma beleza incomparável, para falar da Providência Divina.

Alerta-nos a não termos atitude inercial, esperando um salvacionismo ilusório, dizendo-nos que é necessário buscar para achar e bater para que as portas se abram.

Nestes dias onde, muitas vezes, nos colocamos como omissos e descomprometidos com nossa vida em sociedade, Jesus nos fala que somos o sal da Terra. E o sal deve atender à sua finalidade de preservação e de sabor.

Quando se mostra tão frequente o descrédito com o ser humano, Jesus nos alerta que somos a luz do mundo e que devemos fazê-la brilhar em nós, através das boas obras que somos capazes de executar.

Nestes dias onde o ter costuma sobrepujar o ser, onde a cobiça e o comprar são as grandes sensações, é Jesus que nos alerta para não nos preocuparmos com tesouros que a traça e a corrosão consomem.

E mais: que onde estiver nosso tesouro, aí estará nosso coração.

Os conceitos de Jesus talvez jamais tenham sido tão importantes como nos dias desafiadores que registra a Humanidade.

Nestes dias, onde os valores e as instituições são questionadas e abalam-se, perante a sociedade e os homens, Jesus prossegue como Modelo e Guia.

É Ele a referência indispensável para bem atravessarmos os mares encapelados da atualidade, para que Sua luz seja o farol que nos haverá de conduzir ao porto seguro que nos aguarda, após a tempestade.

Redação do Momento Espírita.